Açúcar com certificação Fairtrade
Provavelmente tem açúcar na sua cozinha; afinal, é um ingrediente chave em muitos dos alimentos e bebidas de que gostamos. Mas nem tudo é doce. Os pequenos produtores de cana-de-açúcar estão sob forte pressão dos grandes produtores, das oscilações de preços e das alterações climáticas.
O setor do açúcar
Os produtores de cana-de-açúcar enfrentam não só a volatilidade dos preços, mas também a concorrência de outras fontes. Por exemplo, em 2017, quando foram abolidos os limites à produção de açúcar de beterraba na UE, os pequenos produtores de cana-de-açúcar, especialmente em África, nas Caraíbas e na região do Pacífico, enfrentaram a perspetiva de perder um importante mercado para o seu açúcar.
Para além das oscilações do mercado, os ciclones e inundações frequentes e extremos, seguidos de secas, danificaram as culturas e atrasaram as colheitas, afetando em última análise os rendimentos dos produtores de cana-de-açúcar.
Para que os pequenos agricultores se adaptem a um clima em mudança, a relação entre as alterações climáticas e a agricultura é fundamental para compreender os contextos sociais, económicos e ecológicos em que operam os pequenos agricultores de cana-de-açúcar. As crescentes alterações climáticas estão a ter um impacto negativo no futuro da agricultura, conduzindo a uma diminuição dos rendimentos e, portanto, a uma redução de rendimentos já por si baixos.
Desafios atuais
A indústria açucareira, pedra angular da agricultura mundial, enfrenta uma série de desafios que afetam tanto o ambiente como o bem-estar das pessoas envolvidas na sua produção.
- Impacto das alterações climáticas: O espetro das alterações climáticas paira sobre o setor do açúcar. A alteração dos padrões meteorológicos, a maior frequência de fenómenos extremos e o aumento das temperaturas representam ameaças significativas para as culturas de cana-de-açúcar. Os padrões de precipitação imprevisíveis e as secas prolongadas podem perturbar esta cultura, afetando os rendimentos e pondo em perigo os meios de subsistência dos produtores de açúcar.
- Condições de trabalho e exploração: Muitos trabalhadores da cana-de-açúcar enfrentam longas horas de trabalho, exposição a agroquímicos nocivos e, em alguns casos, condições de vida precárias.
- Preços voláteis e instabilidade económica: O mercado do açúcar é conhecido pela volatilidade dos preços, que se repercute na estabilidade económica tanto dos pequenos agricultores como dos grandes produtores. As oscilações dos preços mundiais do açúcar podem levar a rendimentos imprevisíveis para os agricultores, tornando difícil planear o futuro.
«As pessoas estão no centro de tudo aquilo que fazemos. A Fairtrade reforçou ainda mais o nosso compromisso de proteger os direitos fundamentais dos trabalhadores e produtores na cadeia de abastecimento. Aproveitar o potencial de todos, incluindo as mulheres e os jovens, é fundamental para libertar todo o potencial de produtividade de países como a Maurícia, que se debatem com uma comunidade agrícola em rápido envelhecimento.»
Khavam Ramkissoon, Secretário da Sociedade Cooperativa Polivalente La Martiniere, Maurícia, certificada pela Fairtrade.
Como é que a Fairtrade faz a diferença
Há várias formas de os produtores de Fairtrade poderem abordar os desafios que enfrentam no crescimento dos seus negócios.
- Melhores condições de trabalho: Para além das Normas Fairtrade sólidas, temos um programa global de «Boas Práticas Laborais» (BLP) Fairtrade para cooperativas de açúcar Fairtrade em áreas com um elevado risco de violações dos direitos humanos e riscos significativos para pessoas vulneráveis.
- Meios de subsistência dignos: Ao contrário de outros produtos certificados Fairtrade, não há um Preço Mínimo Fairtrade para a cana-de-açúcar, porque os mecanismos de preços são muito complexos e muitas vezes distorcidos. Em muitos países, as organizações de agricultores beneficiam de esquemas de partilha de receitas com os moleiros e exportadores de açúcar, que transformam a sua cana-de-açúcar em vários tipos de açúcar. Além disso, os pequenos agricultores beneficiam de um Prémio Fairtrade de 60 dólares por tonelada de açúcar e de 80 dólares por tonelada de açúcar biológico, que os produtores decidem por si próprios como gastar.
- Resiliência climática: A Fairtrade dá formação e apoio ao cultivo sustentável do açúcar, melhor utilização dos recursos hídricos, variedades de culturas resistentes à seca e diversificação para outras fontes de rendimento. Além disso, o programa Producción de Caña Resiliente al Clima avalia a pegada de carbono e de água das principais cadeias de abastecimento de açúcar Fairtrade (até à exportação) na origem.
- Operações mais fortes: As Normas Fairtrade são uma ferramenta de desenvolvimento para organizações de pequenos agricultores para fortalecer os seus negócios e melhorar a produção. As Redes de Produtores Fairtrade também ajudam os agricultores a melhorar a produtividade e os rendimentos, as infraestruturas de rega e drenagem e a diversificar as suas culturas. Apoiam também a exploração do mercado para os produtores de subprodutos do açúcar, como a produção de rum, fragrâncias e bioplásticos.
Programa de Boas Práticas Laborais nas Cadeias de Abastecimento de Cana-de-Açúcar com certificação Fairtrade
A produção e a colheita da cana-de-açúcar são atividades que requerem muita mão-de-obra e de longa duração e os salários baixos e injustos, combinados com condições de trabalho perigosas, conduziram a uma escassez de trabalhadores qualificados. O programa inclui produtores, trabalhadores e comerciantes e promove orientações e formação para mitigar práticas laborais inaceitáveis que envolvam trabalho infantil, trabalho forçado de adultos e violência baseada no género e outras formas de violência e exploração no local de trabalho. Por exemplo, identificando, apoiando e desenvolvendo sistemas adequados de controlo e resposta para detetar, resolver e prevenir violações dos direitos humanos.
